Pensando como um velho sentado na cadeira de balanço rangente, olho para dentro de mim e me vejo daqui a vinte anos. Como estarei?
Com alegria vejo que muito já estaria resolvido e certo. Casa, família, amigos e amores, tudo já estaria em seu devido lugar e pronto para eu saborear cada instante. Mentira!
Não acredito com sinceridade que tudo isso se resolva até meus quarenta anos. Principalmente amorosamente, e minha casa sei que não será como eu quero, e minha família... essa será outra que possivelmente nem verei mais, os amigos poderão ser os de agora e tantos mais, porém talvez atarefados demais com sua vida já resolvida que não darão chance de resolução à minha.
Que pessimismo desolador!
Então com medo desse futuro nada amável, afogo meus pés no chão do presente e me surpreendo ao ver que assisto o agora com uma sensação de passado, como se tudo estivesse ocorrendo em um filme velho, onde suspiro ao final de cada cena.
Ao menos me empenho para que o próximo take seja melhor, me empenho a sincronizar a melodia de fundo com a expressão já amadurecida dos protagonistas, porém me assusto ao ver que o maior antagonista desse filme ou seriado sou eu.
Eu e meu eterno pessimismo cristalizado.