Nada além de um sorriso sobre minha face. O corpo desnudo.
Minha pele branca com algumas manchas que doem e muitas cicatrizes, algumas interiores, psicológicas, mas elas são meu escudo e minha morte.
Pois sou devassa, sou a fúria no corpo da menina, vadia.
Não tenho vergonha, assumo o que sou e isso me dá orgulho.
Mas me deixa solitária, as noites entregues ao dinheiro. Estranhos, que sorvem meu veneno e se alimentam dele.
Eu sou o veneno e a inquietação, por isso quem eu amo não me ama, o que nutre os outros o reprime. E não penso ter o direito a essa coisa de amor.
Ageito meu cabelo me olhando no espelho quebrado desse motel, minha face manchada de desgosto, mas antes de tudo acontecer eu queromais, e tenho o que quero, tenho os corpos sob meu domínio e sou Senhora. Sou a vilã Dominatriz, às vezes a dama indefeza ou a ninfeta sempre virgem.
Conheço bem essas onze paredes vermelhas. O espelho que distorce a forma.
A televisão nos canais que ninguém assiste.
Borram meu baton, todas as noites.
Estou suja mas de alma lavada, o corpo imundo e grudento mas eu quero assim, sou a vergonha e a desgraça.
Mas assim compro calças caras. E conheço lugares.
Meu coração as vezes se aperta. Mas não me importo. Por que me importaria comigo já que jninguém se importa?
Agora vou pra casa, dormir antes que o sol reapareça, ajudar minha mãe na cozinha, ir pro colégio, fingir que sou normal, fingir que tenho apenas 14 anos e sou uma boneca de porcelana.
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3 comments:
Oi Danizinho... Seu texto, como sempre, mto bom.. Fantastico a forma como vc relata. Gostei dessa personagem.. acho q ela tem um pouco de todos nós.. dos nossos mais secretos e sórdidos desejos... Nos momentos de maior agonia...
(Gostei mais dessa do que da Lorena) =P
Bjss
"O Homem tem por vício a sorte
Pisa a vida todo o dia, peita a morte
Sua pobreza maior é seu ouro
Apega-se a esse imundo couro
Que um dia horrorizado entrega à terra
E ela o devora e o soterra ... Perdeste o tempo
Que lhe foi dado no mundo ? Agora já era
Findou pra ti o ócio , o luxo
De tuas mãos, nem mais a paz, nem mais a guerra"
R.
Ele não era como os outros, apenas esnobe e passageiro.
Era a figura perfeita, de olhar lânguido e fugas dominava qualquer um na multidão.
Não apenas por se bonito, mas por ter esse caruisma estelar.
E como todas as estrelas, ele não tem os pés fixos no chão.
Sempre pegava um avião e ia para outros lados do mundo, deixava tudo pra traz, menos a banda e sua guitarra reluzente.
Eu por vezes pensei em pedir pra me levar junto, pois eu queria conhecer tudo que ele tem pra ensinar, não foi tempo suficiente.
Mas não é assim que funciona, pois quando a pessoa é livre como eles são, ninguém pode ir atrás, eles vivem pra voar.
Era um Rock Star que eu conheci, tão sincero que dói, tão lindo que insulta, tão amigo que... tão amigo, que pra não me machucar se foi.
E não volta, nem se eu pedir ou chorar...
E não consigo conter essas gotinhas de memória salgada.
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